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Textos

Amanhecer

O sol lentamente começou a bater em seu rosto, trazendo uma sensação de aconchego. Virou de lado, fechou os olhos e voltou a dormir. Acordou, um tempo depois, com o barulho de uma buzina. Sentiu novamente o sol em seu rosto, desta vez com uma sensação desconfortável. Virou novamente e espreguiçou-se pensando que ainda não estava com vontade de levantar. Lembrou que poderia ter um livro para olhar coisas bonitas, famílias alegres, banhos de banheira, mesas fartas. Mas, não havia nenhum livro por perto. Bom seria poder ligar a televisão e matar o tempo a olhar lindas praias, histórias de amores, vestidos de noiva, filhos, grandes festas e comidas gostosas. Um barulho estridente irritou-a. Que desaforo, se isto é hora de cortar a grama, tão perto dos meus ouvidos. Mudou de posição, protegendo os ouvidos com os braços. Não demorou a adormecer, até ser acordada por uma conhecida sensação que muito a angustiava. Fome. Agora não daria mais para ficar deitada. O sono não retornaria até matar aquela bandida. O que havia para comer? Não lembrava o que comera na véspera, muito menos se havia sobrado. Esticou o braço, procurou sua bolsa, nada encontrando além de uma garrafa vazia. Sentou na sua incomoda e desarrumada cama, dobrou o cobertor, ajoelhou-se, dobrou o papelão e, levantando, o ajeitou dentro do seu velho carrinho de supermercado, colocando, com cuidado, o cobertor em cima, para não molhar. Tapou tudo com o velho saco plástico, ajeitou a torta rodinha direita que teimava em trancar e preguiçosamente, foi se movendo com a sua casa pela rua, em busca de alguma boa pessoa que lhe desse uns trocados para comer.

Jane Ulbrich
21/03/2016

 

 


 


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